sexta-feira, 5 de outubro de 2018

(INVASÃO) RESENHA: NIX - NATHAN HILL

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 Oi Gente, tudo bem com vocês? Estou aqui para trazer a primeira invasão no Talvez Geek! Fiz uma parceria com o Blog Irreparável e a Carol trouxe para vocês a resenha de Nix!

“... espíritos familiares que não são maus. Algumas vezes eram até bondosos (...), discretos e se irritavam se não recebessem mingau de creme às quintas-feiras. Com muita manteiga. Eles não eram fantasmas amigáveis, mas também não eram cruéis. Eles faziam o que tinham vontade . Eram fantasmas egoístas.” - Significado de Nix



Nix  é um livro que  tinha tudo para me conquistar completamente, mas erra numa simples questão estrutural. Oscila por vezes contínua entre os melhores que li no ano, até agora, para uma história extremamente cansativa, e essa oscilação desgasta o leitor. Pelo menos foi assim comigo.

O livro conta várias histórias, mas todas voltadas ao protagonista principal, um professor de literatura inglesa frustrado chamado Samuel, que é abandonado pela mãe ainda criança, e que devido a uma série de abandonos consecutivos após isso, acaba se transformando em um adulto de veias psicológicas complicadas.



Quando, depois de anos, a mãe aparece na televisão jogando pedras em um pré-candidato e é presa por isso, Samuel é acionado pela defesa para que os ajude a livrar a mãe dessa enrascada. Aquilo foi um choque para ele enquanto filho, mas enquanto escritor que estava empacado em um projeto e sendo pressionado pelos editores a entregar um material com urgência, Samuel vê nessa situação da mãe em rede nacional uma oportunidade de criar uma nova história que facilmente virará um best seller. E eis um bom motivo para reaproximação entre mãe e filho.


O livro é narrado por diversos pontos de vista, e ainda que isso tenha sido o principal motivo do meu cansaço, porque a maioria desses personagens parecem não fazer diferença no enredo, entendo que o autor quisesse nos comunicar que o lance de “Nix” era muito maior do que apenas Samuel e a mãe dele. Sem contar que meus capítulos prediletos eram dos coadjuvantes. Mas sendo sincera? Eu preferiria que ele tivesse nos poupado de tantas páginas e focado apenas na relação maternal. Aposto que eu teria entendido a ideia do mesmo jeito.



Nix é um banho de história da década de 60, 80 e os anos 2011. A partir do momento que acompanhamos a trajetória da mãe de Samuel até o abandono, e a vida do garoto desde então. Não vamos mergulhar apenas na história de dois personagens, mas de todo um contexto que os levaram até aquele momento.

Os personagens do livro são complexos e bem construídos. Talvez esse tenha sido o principal motivo que não permitiu que o autor deixasse os coadjuvantes de lado durante a narrativa. Ele sabe criar personagens fortes e concretos. Não há como deixar de se identificar com pelo menos um deles durante a leitura. Sem contar que de modo geral a escrita do autor é sublime. Para um primeiro livro, ele foi perfeito.


Se tenho algo a reclamar é exatamente a questão da quantidade de páginas que ficam meio aleatórias quando chegamos ao fim do livro. Ele é imenso e eu poderia facilmente ter cortado a metade dele. É legal conhecer? É, mas meio desnecessário. E ainda tem a coisa dos parágrafos enormes e narrativos. Se o livro já cansa pela temática, cansa muito mais pela estrutura do texto. Sério, achei que não conseguiria terminar nunca.



Quanto a semântica, ou o que eu tirei dele, é algo que pessoalmente sabia, e que todo ser humano sabe, mas que nos fazemos de cegos com frequência por preguiça ou vergonha. Somos seres egoístas, exatamente igual ao personagem da lenda de Nix, que citei lá em cima. E ser egoísta não quer dizer que somos ruins, só que ninguém é obrigado a gostar ou aceitar as coisas do jeito que elas são e estão. Isso foi claro no texto quando a mãe de Samuel o deixou, depois os amigos e desde então uma sucessão de abandonos, e que ele próprio repete depois, e dai entende que ser falho é tão comum quanto respirar.

 
É um livro grandioso. Cansativo, sim, mas grandioso.


Carol Teles Bispo - blog Irreparável




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